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Análise: A mentira do “você pode tudo” cai por terra mais uma vez

Mais uma influenciadora digital vem a público admitir que, na vida real, não se pode ter tudo como muitas afirmam todos os dias ser possível

Patricia Lages|Do R7

O site de e-commerce da influenciadora digital foi fechado
O site de e-commerce da influenciadora digital foi fechado O site de e-commerce da influenciadora digital foi fechado

Uma das influenciadoras digitais mais populares da Austrália decidiu fechar seu e-commerce por admitir que não podia ter tudo o que aparentemente mostrava ser possível. Chelsea Thomas, 36 anos, mãe de dois, publicou um vídeo em sua conta do Instagram — com mais de 105 mil seguidores — explicando as razões que a levaram a fechar seu negócio digital depois de oito anos de sucesso.

O e-commerce “I heart bargain” — Eu amo pechincha, em tradução livre — tinha o objetivo de mostrar o life style da blogueira e influenciar as seguidoras a aproveitarem as ofertas que ela garimpava pelo país. Roupas, bolsas, calçados, acessórios, decoração, presentes e cama, mesa e banho eram os principais artigos indicados pela influenciadora a preços especiais.

A iniciativa surgiu quando, estando de licença maternidade, Chelsea tinha tempo de ir às compras e descobriu sua facilidade para encontrar boas ofertas. Com uma carreira de mais de dez anos como relações públicas, ela logo percebeu um nicho de mercado a ser explorado. Quando seu filho completou dez meses, nasceu o e-commerce que, a princípio, seria apenas uma espécie de passatempo.

Porém, o negócio passou a consumir seus dias em tempo integral e a avanças pelas noites também. Em entrevista a um programa de rádio ela afirmou que não era fácil abrir o computador às 7 horas da manhã e só fechá-lo à meia-noite, mas que isso a fazia feliz.

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A impressão de que Chelsea era capaz de dar conta de tudo e ainda criar dois filhos ficava subentendida a cada postagem onde aparecia sempre bem vestida, maquiada e com o ar descansado de quem leva uma vida sem o peso da culpa, o que é quase impossível para qualquer outra mãe.

Mas no último dia 3 de dezembro Chelsea teve coragem de vir a público dizer que aquele estilo de vida a afastou de sua família e que ela estava “sofrendo muito” com a culpa pelo tempo que perdeu com os filhos. “Sou o exemplo de uma mulher que tentou ter tudo... simplesmente não funciona assim”, desabafou. Mas, enquanto isso, ao longo de vários anos, milhares de mulheres sentiram-se diminuídas e insatisfeitas com suas próprias vidas ao verem que não eram tão sensacionais assim. Elas não estavam sempre bem arrumadas, frequentando lugares descolados e nem mesmo felizes com suas carreiras medianas, afinal, elas precisavam de tempo para serem mães também.

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O problema de Chelsea, bem como de tantas outras influenciadoras, é “vender” um estilo de vida irreal cuidadosamente fabricado e exposto por meio de fotos e vídeos muito bem produzidos e cheios de filtros que eliminam defeitos e falhas. A questão é que a vida real não é perfeita como no Instagram e nela há inúmeros defeitos e falhas cujo único filtro capaz de eliminá-los é o seu discernimento. Nesse caso, use-o sem moderação.

Patrícia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta os quadros "Economia doméstica" no programa "Mulheres" TV Gazeta e "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages - Dicas de Economia", com vídeos todas as segundas e quartas.

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